SALOMÉ LAMAS

imagem fotográfica de um outro.
documento, acervo de memoria. má conservação, disseminação viral química. dizer-se-ia que no processo de revelação o ultimo banho químico havia sido erroneamente executado. a imagem fotográfica sofreu mutações deviricas acidentais contudo previsíveis segundo fenomenologias químicas.
“is this a farewell?, a farewell is more serious than a goodbye”
destruição parcial/total. a data de validade impressa nas mesmas expirou, a esta sucedeu-se o descarte da sua utilidade reminiscência inicial. mostrando na rua a efemeridade da matéria. “is this a farewell?, a farewell is more serious than a goodbye”
são imagens de Mónica Gomes agora. “start again”, “start again”. fragmentos, aforismos do antes desenho de realidade. dizer-se-iam pintura. algumas remetem-nos para estuques policromáticos expostos ao devir temporal. “changing. not becoming different, not becoming something new”
dialécticas de preenchimento de película celulóide. lamelas de laboratório. balancés micro-macro estruturais.
ser é ser percepcionado. e aqui a apropriação está patente: produtor emite nova data de validação 00-00-0000. data numa cronologia de tempo que lhe é transcendente, impressa na matéria de aceitação da desfiguração inicial. significâncias constroem-se em torno de imagens da gangrena. “am i an image to you?”. um outro desígnio e os estigmas são aceites como benéficos.
“i can tell you the history/story of these images”.
aqui a história de coisas remete para o percurso desde a imagem reconhecível ainda latente, no véu de abstracção visível.
a banda sonora oscila: duas personas concretas, um narrador pontual abstracto. o olhar agarra as imagens pelo som “this is the context of this”.
o tom da voz a) é de didactismo maiêutico para com a voz b) “is it about seduction?”; “can some of you explaining me what seduction means?”.
sedução? O jogo muda e o espectador é interpelado. Seduzem-me estas imagens?”
“I can understand the words. I know the vocabulary but not the meaning”
narrativas ficcionais tecem-se em torno de indivíduos ‘abertura 1.8 velocidade 120’; ‘abertura 2.4 velocidade 30’; um atrás do outro desfilam perante o observador em cadencia metonómica poc, poc, poc. sinfonia de véus mutantes. cadencias rítmicas aleatórias. o narrador omniscientes marca o compasso, corta, a mudança de slide gera o contexto. Pontuações reais no espaço-tempo.
espaços de ninguém. percepcionados no instante perene e fragmental…da fusão passado-futuro em presente momento inerte. o limite do figurativo face á inerência daqueles que outrora o (re)conheceram, (re)visitam, (re)descobrem… reconhecem naquele um outro… num outro antecipam aquele.
“30 seconds in pause (...) 35mm of imploded time (...) start again? (...) this is the context of this”


salomé lamas, 20.10.07, praga.